segunda-feira, 20 de abril de 2009

prazer com lukacs

(Nosso amigo aí tava passando mal. Eu que o diga, não suportava mais aquele template! Mudeeeeei!)

To gozando com Lukacs. Minha auto-ajuda do feriado.

Não tem em outra língua onlain. Então transleiteiem. Eu não vou perder tempo racionalizando trechos do MEU prazer (intelectual):

“This tendency in capitalism goes even further. The fetishistic character of economic forms, the reification of all human relations, the constant expansion and extension of the division of labour which subjects the process of production to an abstract, rational analysis, without regard to the human potentialities and abilities of the immediate producers, all these things transform the phenomena of society and with them the way in which they are perceived. In this way arise the ‘isolated’ facts, ‘isolated’ complexes of facts, separate, specialist disciplines (economics, law, etc.) whose very appearance seems to have done much to pave the way for such scientific methods. It thus appears extraordinarily ‘scientific’ to think out the tendencies implicit in the facts themselves and to promote this activity to the status of science”.


Se tu não tivesse virado stalinista, beijo na tua boca, LINDO!


Plus: diversão garantida

E pra quem interessar, da mesma categoria que o ilustríssimo ideólogo de direita, Senhor Alborghetti, Sr Olavo de Carvalho – um cérebro de cabeça de caviar, certamente – , numa cruzada ideológica eletrizante no território da araucárias:
http://www.olavodecarvalho.org/textos/ufprdebate.htm

sexta-feira, 17 de abril de 2009

discurso de formatura

Amigos, sabemos que o sinal está fechado prá nós, jovens. Os revezes são por demasiado conhecidos. Contra todas as expectativas, hoje quero falar, sobretudo, da beleza extravagante do nosso incompreendido curso de graduação.

Se a escolha pelo curso de Ciências Sociais não é nada óbvia, muito menos óbvia é a nossa permanência nele. Por isso, nessa formatura, há especialmente algo de muito honrado. Pais e amigos que acompanharam minimamente nossa trajetória têm condições de saber quantas crises esse curso é capaz de fornecer. E são muitas. São intensas.

Acredito que todos os formandos que estão aqui hoje se permitiram repensar minimamente suas vidas. Ciências Sociais tem uma característica dolorida. Nesse curso somos conduzidos a resolver as contradições que nossas auto-análises criam. Passamos a pensar no sentido das nossas ações. As formas de controle já nos passam a ser tão óbvias de modo que é quase possível sentir a estrutura doendo nos músculos, e o sangue pulsando pelo desejo de ação nas veias.

Essa auto-análise de que falei se dá quando nós repensamos e refletimos sobre nossa história, nossa família, nossos discursos, nossos valores, nossas práticas, nossa luta cotidiana. Nos posicionamos, nos classificamos. Como se já não bastasse a dificuldade de dar conta dessa inúmera quantidade de reflexões subjetivas, nos lançamos no desafio arriscado de passar a produzir conhecimento sobre a sociedade, de refletir, compreender ou explicar fenômenos sociais.

Pais, mestres, amigos, amores: Vocês têm algo de privilegiado por perto. Vocês terão, condensadas nas idiossincrasias pessoais de cada formando, conflitos inconciliáveis e por certo bem enfadonhos, meio insensatos, mas que terão uma beleza encharcada de humanidade.

Algo belo de quem – talvez – numa busca louca por coerência revele-se incoerente, ou numa sensibilidade treinada perceba problemas onde –evidentemente- não deveria haver. Sempre teremos mais perguntas do que respostas. Mais inquietações do que certezas.

Hoje, jovens pesquisadores e educadores em ciências sociais, colamos grau. Com a sociedade como objeto, sofreremos o risco de ao explicitar contradições e desconstruir preconceitos, escovarmos nós mesmos a contrapelo. Somos observadores e objeto. Essa situação de potencial desconforto será perseguida por alguns de nós. Outros se afastarão. Será possível afastar-se dessa condição tanto dentro como fora da cidadela acadêmica, no refúgio de abstrações e métodos ou no refúgio de melhores salários.

De qualquer forma, temos poucas escolhas cabíveis dentro dessa armadilha em que entramos. E que armadilha ler que “homens fazem sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade”! Nós temos vontades, somos mulheres e homens plenos de pulsões. Nossos amigos, amores, mestres e familiares bem o sabem. Conhecem nossas impressões e delírios sobre um futuro incerto e até mesmo improvável. Nós sabemos, no entanto, porque enquanto cientistas sociais, que nem todos continuarão.

Sabemos que as escolhas serão privilégio de poucos, a despeito do grande esforço de muitos. Conhecemos a canção em que a roda-viva carrega a roseira. Já não somos como na chegada. Lutaremos enfim, na medida do possível, pelas essas belas abstrações da livre vontade, da autonomia, da liberdade. Ainda que sob o jugo da história dos vencidos, ambicionaremos abrir nossas histórias.
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