Eu não tenho nenhuma pretensão de mudar nada. Tudo que tinha que ser eliminado já foi. Experimentar essa vida nova, toda podada. Ainda que doa, liberta. A brutalidade selecionou o que vai e o que fica, e é com alegria que eu apresento as permanências e o conforto que delas resultam.
Quem permanece provem da síntese da dialética mais dolorida, do confronto verdadeiro entre o que eu não poderia mais suportar e a vida – verdadeira – que eu desejo viver.
Ainda que às vezes eu recaia em nostalgia, estou feliz. Feliz e segura a ponto de manter todas as cartas que não foram enviadas na gaveta e não sentir que a permanência delas me impacte.
O único perigo aqui é perder/esquecer as conexões que me levaram a tomar algumas decisões. O perigo é acabar supervalorizar os efeitos, a história escrita e recair na depressão das impossibilidades da ação.
Pessoalmente, todo meu policiamento será em torno disso. Não existem, nas vozes que escutamos, ecos de vozes que emudeceram?
Calar em mim o que os outros me fizeram emudecer seria o maior erro que eu poderia levar para o futuro.
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