esse meu último post foi exatamente uma semana antes de eu ter me aninhado nos braços dele, depois de uma semana absolutamente deliciosa. jogatina, absolut, samba, sexo, soninho. só tenho na memória imagens aproximadas, trêmulas, borradas pela vodka. meu nariz sobre o pescoço dele. o sorriso largo dele, o sorriso mais lindo do mundo. a textura da barba dele, dos cabelos, da pele. as mãos que eu adoro, a pressão da respiração dele nas costelas. lindo! inteiramente lindo!
que delicia estar aninhadinha nos braços dele. não formigam? não, não formigam, pode por a cabeça... e acordar rindo quando ele ronca. isso mesmo. rindo. quem gosta do ronco de alguém está gostando demais do roncador. do que você está rindo? pára de rir e dorme! e me abraça apertadinho, e segura minhas mãos, e me confunde demais. demais mesmo.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
11 de
dezembro.
e se for fácil de descobrir? e se meu estilo de escrita for identificável? são quase seis da manhã e eu ainda não dormi. tive uma semana absolutamente desregrada. trabalhando demais, me divertindo igualmente, sonhando acordada além da conta. faltou tempo para comer e dormir. hoje meu corpo pediu água, e não foi por ressaca. tem uma pessoa que anda tirando meu sono. eu não tenho como evitar. aliás, se pudesse, já teria controlado essa situação há mais de um ano. e sinceramente, não estou nem aí pra “reciprocidades”. o que eu sinto é livre, às vezes meio aflitivo, mas em geral muito leve. gostaria de passar mais tempo com ele, mas acho que ele tem medo de perder o controle. eu queria dilatar os minutos em que ele está próximo de mim. queria me transportar pro quarto dele e vê-lo dormir. amanheceu.
e se for fácil de descobrir? e se meu estilo de escrita for identificável? são quase seis da manhã e eu ainda não dormi. tive uma semana absolutamente desregrada. trabalhando demais, me divertindo igualmente, sonhando acordada além da conta. faltou tempo para comer e dormir. hoje meu corpo pediu água, e não foi por ressaca. tem uma pessoa que anda tirando meu sono. eu não tenho como evitar. aliás, se pudesse, já teria controlado essa situação há mais de um ano. e sinceramente, não estou nem aí pra “reciprocidades”. o que eu sinto é livre, às vezes meio aflitivo, mas em geral muito leve. gostaria de passar mais tempo com ele, mas acho que ele tem medo de perder o controle. eu queria dilatar os minutos em que ele está próximo de mim. queria me transportar pro quarto dele e vê-lo dormir. amanheceu.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
depois da explosão
Eu não tenho nenhuma pretensão de mudar nada. Tudo que tinha que ser eliminado já foi. Experimentar essa vida nova, toda podada. Ainda que doa, liberta. A brutalidade selecionou o que vai e o que fica, e é com alegria que eu apresento as permanências e o conforto que delas resultam.
Quem permanece provem da síntese da dialética mais dolorida, do confronto verdadeiro entre o que eu não poderia mais suportar e a vida – verdadeira – que eu desejo viver.
Ainda que às vezes eu recaia em nostalgia, estou feliz. Feliz e segura a ponto de manter todas as cartas que não foram enviadas na gaveta e não sentir que a permanência delas me impacte.
O único perigo aqui é perder/esquecer as conexões que me levaram a tomar algumas decisões. O perigo é acabar supervalorizar os efeitos, a história escrita e recair na depressão das impossibilidades da ação.
Pessoalmente, todo meu policiamento será em torno disso. Não existem, nas vozes que escutamos, ecos de vozes que emudeceram?
Calar em mim o que os outros me fizeram emudecer seria o maior erro que eu poderia levar para o futuro.
Quem permanece provem da síntese da dialética mais dolorida, do confronto verdadeiro entre o que eu não poderia mais suportar e a vida – verdadeira – que eu desejo viver.
Ainda que às vezes eu recaia em nostalgia, estou feliz. Feliz e segura a ponto de manter todas as cartas que não foram enviadas na gaveta e não sentir que a permanência delas me impacte.
O único perigo aqui é perder/esquecer as conexões que me levaram a tomar algumas decisões. O perigo é acabar supervalorizar os efeitos, a história escrita e recair na depressão das impossibilidades da ação.
Pessoalmente, todo meu policiamento será em torno disso. Não existem, nas vozes que escutamos, ecos de vozes que emudeceram?
Calar em mim o que os outros me fizeram emudecer seria o maior erro que eu poderia levar para o futuro.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
l´uomo conduce ma la donna non é una marionetta
Sempre vi no tango algo libertador.
Que falem todos da predominância masculina e a regra da condução das mãos do homem.
Discordo.
No tango, a mulher pode ter todo o controle, se quiser.
Em relação a todas as outras danças de salão, acredito que o tango é a única dança cuja delícia – para a mulher – reside justamente em fugir do domínio masculino, mostrar as brechas e incoerências de sua condução, e submeter-se, quando bem quiser – e somente se quiser – ao seu domínio, quando na verdade, as únicas coisas a se submeter são as regras do jogo: Os oito passo.
No tango uma mulher subserviente não acrescenta ao espetáculo, ao contrário.
No tango, a mulher tem que deixar o cara tonto, passando mal, perdendo o controle. E o mais importante, fazê-lo perceber que não tem controle nenhum, que pode não ser obedecido. As melhores dançarinas sabem que em cada condução masculina existem possibilidades de se fugir dela. Poderia ser dito que elas fogem, estabelecem os limites do seu domínio.
O melhor exemplo que encontrei disso está aqui. Taí o exemplo de uma potencial boss portenha.
* o título do post é o título de um artigo por mim ainda não encontrado da italiana Lidia Ferrari.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
o saca-rolhas
ou (luta de classes e a negação do conflito)
e o que eu quero falar hoje é sobre a tendência que se tem de negar os conflitos, de se buscar a todo tempo a homogeinidade, a harmonia, o equilíbrio entre outras coisas caretas.
mesmo o duvidoso pensador edgar morin considera o erro como algo importante. enfim, a idéia de desvio, já em durkheim, já está no próprio marx a partir do conflito. e qualquer pessoa que tenha o mínimo prazer em pensar sabe como é bom negar certezas…
e esse é o desafio, pensar dialeticamente, um exercício bem dolorido e prazeroso. se a totalidade é contraditória, então serão todas as partes contraditórias. se o capitalismo é contraditório, todas as relações a ele submetidas são contraditórias, inclusive – e talvez sobretudo as relações entre as pessoas.
(há quem veja nisso uma tautologia desonesta. Desonesto são tautologias disfarçadas. Quem quer a derrubada desses meios de produção pensa e age a partir disso. Cada um é/vive/pensa/morre no seu quadrado social, mantendo, conservando ou rasgando o que bem convier para seu bem estar. Conservar também pode ser tautológico.
Ok, conversa ficando chata. E aí tudo é ideologia, tudo é circular, tudo é humano e o universo é uma caixa de espelhos. FIM.
Eis que vem a importância da materialidade – do estomago roncar de fome para nos lembrar que temos problemas mais urgentes. É o que na linguagem cool poderia ser traduzida como class struggle. (em breve fazei camisetas descoladas com esse texto) seja class struggle entre manos e playboys, cdfs e fundão (onde tem classe ai? herdeiros e evadidos, K cultural, bunnies!) ou qualquer outra coisa, whatever.
temos que aprender a apreciar a beleza do conflito, afinal não somos e não seremos – e eu morrerei por isso – um monte de abelhas de corpinho redondo e roupinhas listradas.
mas sobre estética marxista eu falo outro dia.
ah, sobre o saca rolhas: no proximo post eu explico a mística do saca-rolhas para mim, como ele é a objetivação do materialismo histórico.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
prazer com lukacs
(Nosso amigo aí tava passando mal. Eu que o diga, não suportava mais aquele template! Mudeeeeei!)
To gozando com Lukacs. Minha auto-ajuda do feriado.
Não tem em outra língua onlain. Então transleiteiem. Eu não vou perder tempo racionalizando trechos do MEU prazer (intelectual):
“This tendency in capitalism goes even further. The fetishistic character of economic forms, the reification of all human relations, the constant expansion and extension of the division of labour which subjects the process of production to an abstract, rational analysis, without regard to the human potentialities and abilities of the immediate producers, all these things transform the phenomena of society and with them the way in which they are perceived. In this way arise the ‘isolated’ facts, ‘isolated’ complexes of facts, separate, specialist disciplines (economics, law, etc.) whose very appearance seems to have done much to pave the way for such scientific methods. It thus appears extraordinarily ‘scientific’ to think out the tendencies implicit in the facts themselves and to promote this activity to the status of science”.
Se tu não tivesse virado stalinista, beijo na tua boca, LINDO!
Plus: diversão garantida
E pra quem interessar, da mesma categoria que o ilustríssimo ideólogo de direita, Senhor Alborghetti, Sr Olavo de Carvalho – um cérebro de cabeça de caviar, certamente – , numa cruzada ideológica eletrizante no território da araucárias:
http://www.olavodecarvalho.org/textos/ufprdebate.htm
To gozando com Lukacs. Minha auto-ajuda do feriado.
Não tem em outra língua onlain. Então transleiteiem. Eu não vou perder tempo racionalizando trechos do MEU prazer (intelectual):
“This tendency in capitalism goes even further. The fetishistic character of economic forms, the reification of all human relations, the constant expansion and extension of the division of labour which subjects the process of production to an abstract, rational analysis, without regard to the human potentialities and abilities of the immediate producers, all these things transform the phenomena of society and with them the way in which they are perceived. In this way arise the ‘isolated’ facts, ‘isolated’ complexes of facts, separate, specialist disciplines (economics, law, etc.) whose very appearance seems to have done much to pave the way for such scientific methods. It thus appears extraordinarily ‘scientific’ to think out the tendencies implicit in the facts themselves and to promote this activity to the status of science”.
Se tu não tivesse virado stalinista, beijo na tua boca, LINDO!
Plus: diversão garantida
E pra quem interessar, da mesma categoria que o ilustríssimo ideólogo de direita, Senhor Alborghetti, Sr Olavo de Carvalho – um cérebro de cabeça de caviar, certamente – , numa cruzada ideológica eletrizante no território da araucárias:
http://www.olavodecarvalho.org/textos/ufprdebate.htm
sexta-feira, 17 de abril de 2009
discurso de formatura
Amigos, sabemos que o sinal está fechado prá nós, jovens. Os revezes são por demasiado conhecidos. Contra todas as expectativas, hoje quero falar, sobretudo, da beleza extravagante do nosso incompreendido curso de graduação.
Se a escolha pelo curso de Ciências Sociais não é nada óbvia, muito menos óbvia é a nossa permanência nele. Por isso, nessa formatura, há especialmente algo de muito honrado. Pais e amigos que acompanharam minimamente nossa trajetória têm condições de saber quantas crises esse curso é capaz de fornecer. E são muitas. São intensas.
Acredito que todos os formandos que estão aqui hoje se permitiram repensar minimamente suas vidas. Ciências Sociais tem uma característica dolorida. Nesse curso somos conduzidos a resolver as contradições que nossas auto-análises criam. Passamos a pensar no sentido das nossas ações. As formas de controle já nos passam a ser tão óbvias de modo que é quase possível sentir a estrutura doendo nos músculos, e o sangue pulsando pelo desejo de ação nas veias.
Essa auto-análise de que falei se dá quando nós repensamos e refletimos sobre nossa história, nossa família, nossos discursos, nossos valores, nossas práticas, nossa luta cotidiana. Nos posicionamos, nos classificamos. Como se já não bastasse a dificuldade de dar conta dessa inúmera quantidade de reflexões subjetivas, nos lançamos no desafio arriscado de passar a produzir conhecimento sobre a sociedade, de refletir, compreender ou explicar fenômenos sociais.
Pais, mestres, amigos, amores: Vocês têm algo de privilegiado por perto. Vocês terão, condensadas nas idiossincrasias pessoais de cada formando, conflitos inconciliáveis e por certo bem enfadonhos, meio insensatos, mas que terão uma beleza encharcada de humanidade.
Algo belo de quem – talvez – numa busca louca por coerência revele-se incoerente, ou numa sensibilidade treinada perceba problemas onde –evidentemente- não deveria haver. Sempre teremos mais perguntas do que respostas. Mais inquietações do que certezas.
Hoje, jovens pesquisadores e educadores em ciências sociais, colamos grau. Com a sociedade como objeto, sofreremos o risco de ao explicitar contradições e desconstruir preconceitos, escovarmos nós mesmos a contrapelo. Somos observadores e objeto. Essa situação de potencial desconforto será perseguida por alguns de nós. Outros se afastarão. Será possível afastar-se dessa condição tanto dentro como fora da cidadela acadêmica, no refúgio de abstrações e métodos ou no refúgio de melhores salários.
De qualquer forma, temos poucas escolhas cabíveis dentro dessa armadilha em que entramos. E que armadilha ler que “homens fazem sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade”! Nós temos vontades, somos mulheres e homens plenos de pulsões. Nossos amigos, amores, mestres e familiares bem o sabem. Conhecem nossas impressões e delírios sobre um futuro incerto e até mesmo improvável. Nós sabemos, no entanto, porque enquanto cientistas sociais, que nem todos continuarão.
Sabemos que as escolhas serão privilégio de poucos, a despeito do grande esforço de muitos. Conhecemos a canção em que a roda-viva carrega a roseira. Já não somos como na chegada. Lutaremos enfim, na medida do possível, pelas essas belas abstrações da livre vontade, da autonomia, da liberdade. Ainda que sob o jugo da história dos vencidos, ambicionaremos abrir nossas histórias.
Se a escolha pelo curso de Ciências Sociais não é nada óbvia, muito menos óbvia é a nossa permanência nele. Por isso, nessa formatura, há especialmente algo de muito honrado. Pais e amigos que acompanharam minimamente nossa trajetória têm condições de saber quantas crises esse curso é capaz de fornecer. E são muitas. São intensas.
Acredito que todos os formandos que estão aqui hoje se permitiram repensar minimamente suas vidas. Ciências Sociais tem uma característica dolorida. Nesse curso somos conduzidos a resolver as contradições que nossas auto-análises criam. Passamos a pensar no sentido das nossas ações. As formas de controle já nos passam a ser tão óbvias de modo que é quase possível sentir a estrutura doendo nos músculos, e o sangue pulsando pelo desejo de ação nas veias.
Essa auto-análise de que falei se dá quando nós repensamos e refletimos sobre nossa história, nossa família, nossos discursos, nossos valores, nossas práticas, nossa luta cotidiana. Nos posicionamos, nos classificamos. Como se já não bastasse a dificuldade de dar conta dessa inúmera quantidade de reflexões subjetivas, nos lançamos no desafio arriscado de passar a produzir conhecimento sobre a sociedade, de refletir, compreender ou explicar fenômenos sociais.
Pais, mestres, amigos, amores: Vocês têm algo de privilegiado por perto. Vocês terão, condensadas nas idiossincrasias pessoais de cada formando, conflitos inconciliáveis e por certo bem enfadonhos, meio insensatos, mas que terão uma beleza encharcada de humanidade.
Algo belo de quem – talvez – numa busca louca por coerência revele-se incoerente, ou numa sensibilidade treinada perceba problemas onde –evidentemente- não deveria haver. Sempre teremos mais perguntas do que respostas. Mais inquietações do que certezas.
Hoje, jovens pesquisadores e educadores em ciências sociais, colamos grau. Com a sociedade como objeto, sofreremos o risco de ao explicitar contradições e desconstruir preconceitos, escovarmos nós mesmos a contrapelo. Somos observadores e objeto. Essa situação de potencial desconforto será perseguida por alguns de nós. Outros se afastarão. Será possível afastar-se dessa condição tanto dentro como fora da cidadela acadêmica, no refúgio de abstrações e métodos ou no refúgio de melhores salários.
De qualquer forma, temos poucas escolhas cabíveis dentro dessa armadilha em que entramos. E que armadilha ler que “homens fazem sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade”! Nós temos vontades, somos mulheres e homens plenos de pulsões. Nossos amigos, amores, mestres e familiares bem o sabem. Conhecem nossas impressões e delírios sobre um futuro incerto e até mesmo improvável. Nós sabemos, no entanto, porque enquanto cientistas sociais, que nem todos continuarão.
Sabemos que as escolhas serão privilégio de poucos, a despeito do grande esforço de muitos. Conhecemos a canção em que a roda-viva carrega a roseira. Já não somos como na chegada. Lutaremos enfim, na medida do possível, pelas essas belas abstrações da livre vontade, da autonomia, da liberdade. Ainda que sob o jugo da história dos vencidos, ambicionaremos abrir nossas histórias.
quarta-feira, 11 de março de 2009
uma mente perturbada com a racionalidade instrumental
quanto eu ainda estava na economia, eu resolvi voltar a pé pra casa. era um caminho longo, de quadras compridas, viadutos e morros. era final da tarde e eu vi um homem subindo um poste em cima do viaduto. ele ia tirar uma foto do por do sol. na realidade deveria estar esperando. alguns passos depois entrado o crespúscolo em seu fim, sobre a br, dezenas de carros lentos em fila em alerta. no final do viaduto, uma senhora idosa morimbunda numa maca que ia pra ambulância, enquanto seus filhos choravam no portão. tem coisas que os números não captam, muito menos uma mente que se deixa facilmente convencer por eles. larguei o curso duas semanas depois.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Eu queria nadar muito hoje, mas meus glânglios são quase caxumbas. Queria beber com meus amigos hoje, mas meus gânglios não gostam de álcool. Mais um dia em casa esperando a vida passar. Sanei minhas dívidas bancárias, isso já é algo muito bom. Choveu um pouco e qualquer gota que fosse me causava dor e frisson na pele. Comprei o presente de aniversário dele. Eu bem que queria ter cabelo cumprido pra usar chapéu sem parecer meio dyke. Use vestidos, use saias, use acessórios, esteja sempre maquiada! Mas não é todo dia que eu tenho paciência de equilibrar meu cabelo com meu gênero… como se não bastasse umas aparições por aí de bigode…. São muitas opções e muitas coisas pra pensar em como parecer e embora me sobre tempo, pra isso me falta paciência. Me sinto over só com uma flor no cabelo. Acho que vou roubar o chapéu dele.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
terça de carnaval
Acordei de um sonho estranho, de lugares que eu não conhecia, pessoas que eu sequer identificaria. Uma réstia de sol na cara, um dia lindo lá fora e cheiro de feijão de algum vizinho. Terça de carnaval, nada na noite anterior, coca com vodka, coisa caseira: eu podia acordar mais tarde sem culpa. Acordo o Do, começo a cantar Kraftwerk para ele acordar e ele não gosta. O deixo dormir, lavo a louça e sinto vontade de comprar esponjas e detergente melhores. A idéia era fazer bruschetta, mas uma caminhada destinada à Rui Barbosa nos levou ao Crystal e a dois salgados. Nada de almoço digno. Pelo menos eu comprei a melhor esponja de lavar louças do mundo, que estava num bom preço e me rendeu a boa sensação de um “bom negócio por R$2,49“.
O Do foi pra casa dele catalogar os livros e xeroxes para doismilenove. Eu fico aqui. Pensei em ler Anaïs Nin, que me fora emprestada, mas preferi puxar mais dois capitulos de L Word e escutar Interpol, coisa que eu não vazia desde o primeiro ano de faculdade. Me deu sentimentos estranhos, lembrei das pessoas que passaram por mim em dois mil e cinco. Nenhuma delas ficou, tirando o Douglas, que deve ficar pra sempre: é raro no mundo poder ser tão autêntica com qualquer outra pessoa que seja. E fui convidada para este, e concordo. Preciso deixar de perder detalhes e cometer os mesmos erros, isso pode me ajudar. Quero ainda comprar meus remédios de pressão para poder acordar amanha, como uma pessoa normal. Quero por fuel nesse ano.
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