domingo, 28 de março de 2010

represa

nunca tive uma amidalite dessas solteira.
na verdade, dessas, nunca.

nunca fiquei por mais de 5 dias sofrendo. não consigo comer, estou profundamente fraca.

se no começo da doença eu praticamente chorava de desespero por não ter alguém junto comigo pra me carregar de casa pro hospital e do hospital pra casa, hoje, no sexto dia, eu me sinto muito muito muito sábia sozinha. e não quero ver nem falar com ninguém. esse processo é meu.

com relação às poucas pessoas que eu vi, senti que eu estava somente falando o que valia o custo da dor de falar.

os silencios têm sido mais agradáveis. não é um contrasenso? se a amidalite em geral tem sua causa em sapos engolidos, o preço a se pagar é o silêncio compulsório?

não entendo. tem algo errado nessa lógica, que talvez seja o seguinte: adoecemos porque expressamos o errado, nunca o essencial.

e o essencial eu não posso expressar mesmo. então o segredo é não pensar e retirar a centralidade dos sentimentos que eu sou forçada a reprimir. as pessoas não querem ouvir e não vão ouvir. então eu tenho que eliminar quem não quer ouvir e assim tudo flui.

interessante também deixar registrado que a minha incomunicabilidade não é apenas por palavras. eu também estou sofrendo pra responder as pessoas no msn, mensagem no celular, gtalk, tudo ...

é como se meu cérebro preferisse fazer um voto de silêncio.

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